Boletim de Conjuntura Econômica – 18 Janeiro a Junho de 2022
Há uma lenta recuperação da atividade econômica brasileira em 2021, com um crescimento verificado de 4,6% anuais. Contudo, este crescimento é sobre um PIB que encolheu em 2020. O crescimento econômico durante a pandemia tem sido muito irregular, caracterizando ciclos econômicos de curto prazo de uma economia que ainda possui problemas macroeconômicos estruturais, tais como a baixa produtividade do trabalho, concentração elevada de renda e baixa complexidade econômica/tecnológica. A prévia do PIB, medida pelo IBC-Br trouxe um relativo ânimo sobre uma possível retomada do crescimento econômico na pandemia, mas é um dado muito pontual para fevereiro de 2002, não permitindo traçar tendência alguma.
A inflação também tem preocupado, pois tem se distanciado da meta padrão do Bacen e atingido valores recordes em mais de duas décadas em alguns meses. O antídoto tradicional, aplicado desde 1999 (aumento da Selic), parece estar surtindo menos efeitos, uma vez que a inflação brasileira tem outras causas além da pressão pelo lado da demanda. Há causas como a desvalorização da moeda nacional, problemas na expansão pelo lado da oferta e custos que se elevam pela baixa produtividade da economia brasileira, entraves em determinadas cadeias globais de produção. Os combustíveis ajudaram a pressionar a inflação e nos fazem pensar sobre a atual política de preços da Petrobras que os atrelou ao dólar. Os alimentos subindo parecem um paradoxo para uma economia que é altamente competitiva nas exportações agrícolas, sugerindo que não exportamos os excedentes agrícolas e assim a oferta interna de alimentos cresce menos que a demanda. Este aparente paradoxo ajuda a explicar parcialmente o aumento da cesta básica no Brasil e nas regiões, atingindo 61% do salário mínimo. Cabe destacar que este mesmo salário mínimo não tem crescido na proporção do aumento desta cesta básica.
Outro paradoxo evidente: mesmo com um tímido crescimento em 2022, as receitas tributárias têm crescido (10,9%), baseadas num sistema tributário regressivo. Nada novo na composição dos gastos públicos federais, pois a previdência, reformada com o achatamento dos benefícios medianos e baixos, não produziu, até o momento (e é pouco provável que produza mesmo no longo prazo) a redução dos gatos previdenciários. Com Juros elevados a dívida interna também continua expressiva na composição dos gatos públicos federais. Nada novo também no front externo. As transações correntes continuam negativas puxadas pelos serviços típicos de uma economia de renda média, dependente e de baixa complexidade econômica. Mesmo com indicadores macroeconômicos tímidos, o mercado de capitais mostrou-se animado com alguns resultados positivos. Em suma, além da necessidade de políticas macro anticíclicas para combater os efeitos da pandemia e de uma possível quarta onda, há também a necessidade de políticas industriais, distributivas, estabilizadoras, educacionais e tecnológicas. Os velhos problemas estruturais precisam ser combatidos ao mesmo tempo que se aplicam políticas conjunturais.
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