Boletim de Conjuntura Econômica 17 – out a dez 2021

A análise dos indicadores econômicos no terceiro trimestre de 2021 trouxe prognósticos negativos em relação ao desempenho da economia brasileira para o ano vigente quanto para 2022. No que se refere a recuperação econômica observada, sobretudo no primeiro semestre de 2021, houve uma redução das expectativas uma vez que os dados efetivos do PIB do terceiro trimestre mostraram uma retração de 0,1% em relação ao trimestre anterior, sendo a segunda queda seguida, o que coloca o país em recessão técnica.

Essa retração do PIB no terceiro trimestre de 2021 se dá sobretudo pelo baixo desempenho de importantes segmentos da atividade econômica: Agricultura redução de 8% no período, crescimento industrial (0%) e diminuição da recuperação dos segmentos de serviços (1,1%), desempenho este muito aquém do esperado para o período analisado.

Outro fator importante a ser considerado no período destacado é a continuidade da pressão inflacionária, acumulado do IPCA no ano de 2021 (até novembro) em 9,26%, e em 12 meses 10,74%, sendo que alguns itens importantes, como combustíveis, com altas acima de 50% nos últimos 12 meses, além da cesta básica, com aumentos de mais de 30% em diversas capitais o que impacta negativamente na recuperação econômica, uma vez que reduz o poder de compra da população.

Apesar de uma leve recuperação no mercado de trabalho no trimestre vigente, com 12,6% (agosto/setembro 2021) da taxa de desocupação em comparação ao percentual anterior de 13,1% (julho/agosto 2021), foi insuficiente para a recuperação do emprego e da renda, dado que há cerca de 13,5 milhões de desempregados no Brasil., Além disso, a geração de novas ocupações está concentrada no emprego sem carteira assinada e conta própria, que não possuem direitos trabalhistas, acesso ao sistema de seguridade social e pagam as menores remunerações. Esse quadro de ocupações precárias, em conjunto com a elevação da inflação é o responsável pela queda de mais de 10% da renda real média de todos os trabalhos, que com certeza dificultará a recuperação econômica com o consumo também em tendência de contração.

Diante desta elevação dos níveis gerais de preços, o Banco Central vem elevando a taxa básica de juros da economia (SELIC) desde o mês de fevereiro (2% a.a.) para 9,25% em dezembro de 2021. Esta elevação contínua na taxa de juros tem como objetivo retomar o índice da inflação dentro da meta estabelecida pelo BACEN (3,75% a.a. a 5,25% a.a.), entretanto, traz efeitos nocivos para os níveis de atividade econômica, dado que reduz o investimento produtivo e retrai a demanda agregada da economia, uma vez que aumenta o custo do crédito. Outro fator importante a ser destacado é compreender a característica da inflação brasileira dado que grande parte desta elevação dos preços ocorre num período de grande desvalorização cambial.

Os resultados das contas públicas mostram que, mesmo diante de um baixo crescimento econômico a arrecadação federal tem crescido em relação ao ano de 2020, o que permitiria ao governo federal, no mínimo, retomar obras públicas paradas vitais para a saúde da população (centros de saúde, por exemplo) e saúde da economia brasileira (obras em infraestrutura). A política monetária tem inibido o crescimento econômico, com a elevação da SELIC (metas de inflação) e custo de crédito alto, tornando o ambiente de negócios menos dinâmico para a produção de bens e serviços.

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