Boletim de Conjuntura Econômica 11 – set/out 2020

Principais assuntos do período: Houve queda elevada da atividade econômica no 2º trimestre de 2020 (PIB caiu 9,7%), com uma modesta recuperação em agosto, indicando uma lenta recuperação da economia brasileira. A Agropecuária cresceu um pouco no segundo trimestre de 2020, muito provavelmente puxada pelas exportações. A Indústria e serviços recuaram neste mesmo trimestre, ao mesmo tempo em que houve recuo da demanda agregada (exceto a balança comercial, que mostrou crescimento em função do Real desvalorizado e das vantagens comparativas na produção de commodities). A queda da demanda agregada indica que as incertezas macroeconômicas ainda impedem que novos negócios (investimentos) sejam construídos e que a política fiscal expansionista de combate ao Covid parece ter recuado. Mesmo com um nível de atividade econômica baixo quando comparado ao período anterior à crise do Covid, há pressões inflacionarias geradas principalmente pelo aumento de preços da cesta básica, atingindo mais a população de baixa renda (embora a meta de inflação de 4,5% em 2020 provavelmente será atingida). As capitais registraram elevado crescimento dos preços de suas cestas básicas, variando entre 18% e 33% aproximadamente. Este aumento parece estar associado a um fator microeconômico derivado da crise do Covid: com a quarentena (mesmo que parcial) há uma maior permanência nos lares e assim o consumo de alimentos diários nas residências se amplia. Como não há muitos substitutos próximos para os itens principais da cesta básica (arroz, milho etc.), a demanda destes itens aumenta. Porém, a oferta não cresce na mesma velocidade, causando uma pressão inflacionária nos preços. Também é importante considerar que parte expressiva desta oferta de alimentos da cesta básica é exportada. As prováveis correlações entre os indicadores do boletim são ilustrativas do comportamento da economia brasileira:

  • baixo dinamismo econômico se associa a uma baixa demanda agregada, reduzindo a arrecadação tributária, mantendo elevado o desemprego e ampliando espaços para o trabalho informal;
  • o custo do crédito muito elevado (24% ao ano para pessoas físicas e 17% para as jurídicas) mostra que a redução da Selic não chegou satisfatoriamente até os consumidores e produtores;
  • o perfil da dívida pública está concentrado em pagamentos de juros e serviços da mesma, comprometendo a ampliação de gastos públicos – fundamentais para a recuperação econômica (tais como com investimentos em infraestrutura, gastos sociais etc.);
  • a falta de uma política industrial mais audaciosa impede que ocorra a reestruturação e modernização da economia brasileira, deixando-a assim, mais frágil diante de crises desta magnitude;
  • a desvalorização do Real, embora auxilie nas contas externas estimulando a balança comercial, traz consigo pressões inflacionárias (ainda que de potencial baixo).

    Em suma, a economia brasileira, que já estava “gripada” antes do Covid, tem enfrentado com relativa resiliência o desafio de crises trigêmeas: de saúde, econômica e política.

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